sexta-feira, 4 de abril de 2014

Ó menina, eu Sei Lá...

Estreou em Portugal um filme que é a adaptação de uma obra de Margarida Rebelo Pinto. Chama-se "Sei lá" e, depois da primeira visualização, há umas semanas atrás, resolvi rever o trailer do mesmo.
A questão que fica na minha cabeça quando termino é, por mais vezes que reveja, um simples "porquê?".
Não me vou pôr para aqui a dissertar sobre quão básicos são os diálogos, ou quão cliché consegue o resumo do filme ser (vamos ser honestos: alguém acredita que o filme será melhor que o trailer?). O pensamento que me chega com mais força ao cérebro é mesmo sobre o conteúdo do filme e a forma como é apresentado.
O que é que eu vejo ali? Vejo a amostra de uma máscara pseudo-feminista que tenta fazer de conta que o sexo feminino é aquele que devia dominar o mundo. Vejo uma máscara que facilmente cai, para quem se atrever a pensar mais de dois segundos sobre o assunto, e que revela uma inferiorização do sexo que pretende representar. Vejo aquilo que mostram: um grupo de seres humanos básicos que, por escolha da autora, são, não por acaso, um grupo de mulheres. 
O público geral vai certamente adorar. "Mulheres ao poder!", "As mulheres é que são!", "Os homens não prestam!", "Os homens são todos iguais!". Em pleno século vinte e um, as pessoas ainda acham bem este tipo de coisas que acaba por ser totalmente contra aquilo com que tantas e tantas pessoas, mulheres e não só, têm vindo a lutar: a igualdade entre sexos. 
Vejo uma máscara pseudo-feminista que, quando cai, para o comum dos mortais, mostra que as mulheres não passam de um serzinho superficial, que tem o auge da sua vida no encontro do príncipe encantado. Muitas mulheres vão adorar o filme e eu vou continuar a perguntar-me: porquê?

Tanta coisa por causa do teste de Bechdel e, quando há oportunidade de se fazer uma coisa centrada em fêmeas humanas, faz-se isto?

E, já agora, fazendo aqui um exercício de pensamento, estatística e ecónomia, quantas camas das urgências ocupariam os Carmos e as Trindades, que haveriam de cair de bem alto, caso a cena fosse exactamente igual, mas invertendo os sexos?

"Ela usa soutien copa A, if you know what I mean..."

14 comentários:

  1. concordo a 100%. e o (teu) final é chave de ouro :)

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    1. Concordando a 100%, acredito que também te irrites a 100% com este tipo de coisas. Como é possível que as mulheres se rebaixem tanto?
      Ahah. Acho que é A frase do filme!

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    2. e tal e qual o que dizes. acho este tipo de atitude tão idiota (ainda que seguido pelas massas de rebeldes feministas), que evito comentá-lo. não é (só) a pobreza do livro/filme, é especialmente este mensagem estúpida de que uma sociedade moderna é uma sociedade de gajas fodilhonas e "machonas"... então mas o que se pretende não é a igualdade de géneros?...

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    3. Aqui não se trata de feminismo. O feminismo defende a igualdade das mulheres da sociedade (falar sobre o feminismo também dava pano para mangas...). Aqui é até um anti feminismo. É um bando de mulheres (que no fundo, são a autora, certamente) a achar-se superior.
      A única coisa que posso dizer é: as mulheres são todas iguais! :P

      P.S.: Ia visitar o teu blog mas... WOW... NSFW. Fica para mais logo ;)

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    4. defende nada, rui! só na teoria.

      todas iguazinhas :b

      (mas vocês trabalham todos na sacristia??? :)))))

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    5. Vá... eu digo as coisas apoiado nos princípios em que elas se baseiam. Não sendo assim, há uma leque demasiado grande de variações dependendo de quem faz o que faz.

      Não é na sacristia mas é com o monitor virado mesmo para a entrada da sala.

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  2. Eu sinceramente vejo o nome dessa senhora e apetece-me atirar-me de um precipício só para fugir... O feminismo de massas ocidental polémico vive, hoje em dia, do constante reclamar, do exagero e da estupidificação. É essa a minha opinião, não querendo generalizar pois existem sempre excepções a regra. Essa Rebelo é tudo menos feminista...é alguém que dá vida a personagens estereotipadas com o objectivo de representar uma realidade distorcida. Nem vi o trailer...

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    1. Eu quando falo do feminismo, falo dos valores básicos e gerais do feminismo. Não me refiro ao que se faz com esse nome actualmente que, em muitos casos, é mesmo isso que tu dizes: um constante reclamar contra nada.

      O pouco que vou conhecendo da Margarida Rebelo Pinto, além do downsizing do lifestyle, são sempre coisas negativas e que envergonham um género e uma sociedade, caso ela realmente estivesse a representar alguma dessas coisas... que, infelizmente, de certa forma, está, mas não em grande escala.

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  3. ~Só recomendo aguardar pelos próximos capítulos!! ;)

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    1. Já dizia o outro "não percam o próximo episódio, porque nós também não!". E vá, ao menos o Dragon Ball tinha personagens femininas com carácter.

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  4. Pareces aqueles críticos de cinema de jornais respeitosos que falam MUITO mas não leram o livro nem viram o filme...
    Eu pago-te o bilhete e vamos vê-lo. Sim?

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    1. Eu falo do que o trailer me mostra. A ideia de um trailer é fazer um resumo do filme (com mais ou menos spoilers). Se o filme for, como eu referi (apesar de pouco acreditar), melhor que o filme, então passo a criticar apenas os responsáveis pelo trecho, que faze exactamente aquilo que eu referi no post.
      We have a deal, Vanessa!

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  5. Não vi o filme, apenas o trailer também e concordo contigo.. Se fosse um trailer com 4 gajos sentados a uma mesa a falar das conquistas, já teria dado muito mais que falar!

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    1. Eu bem digo que os homens são socialmente imensamente oprimidos, mas ninguém acredita em mim!

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Aceitam-se pires de amendoins.