segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O valor da flexibilidade

Personalidade forte é uma daquelas características que toda a gente acha fantástica quando existe. Associa-se à personalidade forte a presença de pulso firme, a convicção de pensamentos, de opiniões, de ideias. Aquele que muda muito o que diz é fraco de espírito, não sabe o que quer, não percebe nada do assunto, é imprevisível e não é de confiança. O que pouca gente se dá ao trabalho de reparar, talvez guarnecida da sua personalidade forte, é que a flexibilidade e a adaptação estão na base da evolução de uma pessoa. Certamente que há uma linha entre a flexibilidade e o vira-casaquismo, mas não creio que haja assim tanta gente do lado o bengaleiro quanto se pensa ou diz. Simplesmente, gente forte, que se liberta do orgulho e se dá ao trabalho de ir pensando e aprendendo, não é vista como tal. Mudar de ideias, ideais e vontades nunca é visto como o esforço, inteligência e dedicação pessoal de que realmente se trata. 
Num mundo onde a moral e os valores estão cada vez mais tremidos, dá-se preferência aos pilares de pedra, ignorando-se as arquitecturas anti-sismo.

10 comentários:

  1. Mudo de ideias sem qualquer preconceito. "Então mas não disseste que o melhor era x? Sim, mas isso foi antes de saber que se fizermos y acontecesse isto e isto." é natural para mim e tira-me do sério encontrar pessoas que não só não exploram todas as hipóteses, como fazem questão de ser entraves, numa teimosia geralmente sem grande fundamento.

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    1. Concordo. A teimosia tem os seus pontos positivos, mas hoje em dia dizeres que um dos teus maiores defeitos é ser teimoso é algo feito com um sorriso na cara. Como quem diz "sou chato, mas levo sempre a melhor daquilo que quero, e por isso sou íntegro". Também mudo de ideias facilmente, depois de analisar as novas informações que vou tendo e, felizmente, nunca tive o azar de ser "insultado" à conta disso... pelo menos cara-a-cara. O que me irrita bastante são ouvidos surdos às opiniões dos outros que se congratulam por serem exigentes quando, na realidade, são calhaus.

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  2. Não há pilares de pedra... Há calhaus. (os pilares também caem, já os calhaus quase nunca mudam!)

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    1. Eventualmente, os calhaus acabam por rachar, ou sucumbir aos efeitos suaves do meio...

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  3. Já tinha pensado nisto, tantas e tantas vezes, e nunca o tinha transcrito para o papel. Está fabuloso, de verdade! É mesmo isto. Eu, ao contrário de ti, já tive, por mais de uma vez, a infelicidade de ter gente que me disse, da maneira mais deselegante possível, que isso era falta de personalidade. E eu?! Eu permaneço convencida que esse tipo de flexibilidade, que nada tem que ver com o vira-casaquismo, é, precisamente, um dos pontos de partida para uma personalidade, verdadeiramente, definida, independente e... forte.

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    1. Concordo plenamente contigo. É preciso ter força e coragem não só para mudar as nossas ideias e crenças, mas também para expor essas mudanças a quem nos conhece. Já para não falar daquele espaço de tempo em que uma pessoa ainda se encontra em conflito interno face à mudança...

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  4. Não conhecia o teu blog e estou fã! Posso é vir a mudar de opinião... ;)

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    1. Obrigado pela visita. Espero é que a tua opinião se mantenha... senão és fraca! :P

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Aceitam-se pires de amendoins.