quarta-feira, 31 de maio de 2017

Smartphone, smartsenses

Olhar para o telemóvel pode estar a causar-me problemas de pescoço, talvez problemas de visão, possivelmente a dar-me um queixo duplo. Talvez me faça ignorar as pessoas que passam por mim na rua e, com azar, é possível que me desregule os ciclos de sono.

Contudo, como em tudo, nem tudo é mau.
Apercebi-me que a minha audição anda mais focada no detalhe. Ouço as gotas que caem de uma varanda molhada e o meu cérebro calcula involuntariamente a mudança de trajecto necessária para as evitar. E quantas vezes apanhei com pingas frias no pescoço, enquanto caminhava sem prestar atenção ao smartphone.
A minha visão periférica detecta facilmente desníveis e buracos no chão, e ultrapasso-os sem problemas. E quantas vezes estive por um triz de bater com o cu no chão após um deslize, enquanto caminhava de olhos no caminho.
Estou quase capaz de dizer que o meu olfacto detecta as mudanças de cor dos semáforos das passadeiras para peões, mas isso se calhar já era exagerar um pouco. E quantas vezes já atravessei perante um senhor vermelho luminoso, enquanto caminhava de cabeça erguida.

Se calhar, de certa forma, estou a ficar mais bem preparado para um qualquer momento de sobrevivência. Os meus instintos deverão estar a ficar mais afinados. O meu lado Bear Grylls deve estar a vir ao de cima. E tudo isto enquanto evito fazer likes acidentais em fotos com três meses, naquelas pessoas em que ando a cuscar no Instagram!

2 comentários:

  1. De todas as skills que descreveste, a de evitar o duplo clique acidental, pode mesmo ser a que mais impacto tem em termos de sobrevivência...

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    1. Sobreviver 10 dias perdido na selva é uma coisa... fazer um duplo clique naquela foto na praia publicada o ano passado... ... ... é outra bem diferente!

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Aceitam-se pires de amendoins.