segunda-feira, 12 de maio de 2014

Aparição de pensamentos

Pergunto-me quanto bem não se faria se os peregrinos a Fátima dedicassem o tempo de caminhada a algo como voluntariado para solidariedade social.
Pergunto-me quantas pessoas ficariam bem mais felizes se outras pessoas trocassem as bolhas nos pés por ajudas a quem mais precisa.

12 comentários:

  1. Acaba tudo por ser uma questão da interpretação da "fé". lol As coisas raramente fazem sentido...

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    1. Claro que sim. Mas admito que me faz confusão que a ida a Fátima seja o "ultimate sacrifice", e que não se pense que se podia sacrificar de tantas outras formais mais úteis... arrisco-me a dizer: mais católicas. A ajuda ao próximo é o que mais se ouve falar na catequese.

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  2. Não te perguntes pois a resposta é exactamente a que pensas...mas na cabeça das pessoas Fátima vai apreciar mais que consigam participar nos paralimpicos no ano seguinte graças ao lixarem joelhos por os arrastarem kilometros.

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    1. Fátima aprecia, e bem, o dinheiro que lá lhe aparece duas vezes por ano!

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  3. Cada um passa o seu tempo livre como lhe dá mais prazer.
    Se o dilema está no porque é que vão a pé a Fatima ou a Santiago de Compostela (ou Lourdes, ou Guadalupe, ou Megjugore , etc), as respostas são muitas, há quem o faça pelo convivio, há quem esteja a pagar uma promessa, há quem se queira superar (no sentido de fazer algo que consideram muito dificil), há quem goste da energia que anda no ar nas grandes multidoes, e há quem considere que isso é uma homenagem à virgem.
    Isso é igualmente valido em todos os lugares de culto de todas as religioes, onde as pessoas se deslocam para lá nas datas de aniversario.

    Que todas as pessoas do mundo dos diversos credos possam fazer trabalhos de solidariedade? claro, uma coisa não invalida a outra, não têm que deixar de festejar da forma como acham que devem para fazer outra coisa.
    Podem fazer as duas coisas.

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    1. Eu não estou aqui a questionar os motivos de ninguém, estou apenas a fazer um exercício de "e se?" relativamente à peregrinação a Fátima. Como qualquer tipo de peregrinação, o objectivo da maioria é o de cumprir uma promessa, no contexto de uma religião. Cada um é livre de fazer o que bem lhe apetecer de acordo com o que a sua fé lhe indica (desde que não seja fazer mal aos outros), MAS o próprio catolicismo ensina que os crentes devem fazer o bem pelo próximo e admito que me faz alguma confusão que os católicos não pensem nisso antes de se fazerem a uma caminhada. Acho apenas que era uma situação melhor, possivelmente um sacrifício maior, uma promessa mais útil e, em ultima instância, mais católica.

      Além disso, é do conhecimento geral (toda a gente conhece alguém assim) que há muita gente que vai a Fátima e depois passa o resto do ano a falar de todo o sacrifício que fez, e de toda a religiosidade da cena, e da fé... mas depois nunca faz nada mais "bíblico" além de ir à missa aos Domingos e rezar antes de dormir.

      Toda a gente tem direito a fazer o que lhe apetecer conforme lhe der mais gozo. Peregrinar como forma de convívio, desporto ou meditação: nada contra. Peregrinar como sacrifício: há sacrifícios melhores e mais "catolicamente correctos".

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    2. Isto de falar da fé das pessoas e do que os outros devem ou não fazer , para alem de roçar a arrogancia (desculpa a agressividade) é complicado.

      É complicado porque em inumeras religioes a reza, a meditação, a contemplação são uma forma de praticar o bem. Há pessoas que acreditam que desejar o bem (e alimentar isso) é tão valido como fazer uma boa acção.
      Não é a toa que o expoente maximo do budismo passa pela elevação do individuo sob a forma de meditação e não por dar directamente comida aos pobres. Ou que as freiras Carmelitas acreditam que a clausura lhes permite rezar melhor, para estarem mais concentradas quando pedem um mundo com mais paz.

      Vamos agora dizer que estas pessoas estão erradas e que nós é que estamos certos?
      Cada pessoa pratica a sua religiao como acha melhor, avaliar o que é melhor se é isto ou aquilo, é um optimo exercicio intelectual, mas só isso.
      O que é isso de definir que peregrinar não é um sacrificio "catolicamente correcto", com que bases se faz uma afirmação dessas?
      É o mesmo que dizer que os hindus deviam estar a trabalhar na sopa dos pobres cada vez que "perdem tempo" a fazer peregrinações em honra do Deus Ganesha. Podiam estar a fazer coisas "muito mais correctas sob o ponto de vista hindu".
      Ou que os muçulmanos em vez de ira a Meca poderiam muito bem despender desse tempo a pintar uma escola de graça, que seriam melhores muçulmanos se fizessem isso.

      Essa avaliação de como os outros devem despender do seu tempo, e de como poderiam estar a fazer coisas melhores é relativa, a noção de melhor é relativa.

      Não leves a mal esta "discussão" eu sei que a maioria dos bloggers detestam comentarios a contraria-los, mas pessoalmente gosto de posts assim, que levantam discussões, seja que tema for. Gostaria que fosse mais frequente na blogosfera.

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    3. Mais uma vez, refiro que a minha “preocupação” ao escrever este post foi apenas equacionar o quão socialmente positiva poderia ser a canalização da energia da peregrinação para outras tarefas. Não considero que falar do que os outros devem ou não fazer seja arrogante (complicado sim), especialmente no que toca a fé; todas as pessoas têm os seus valores morais/religiosos que acabam sempre por interferir com os valores de outras pessoas. É arrogante da parte de alguém questionar bondade/maldade/correcção da mutilação, da violência ou o rebaixamento feminino a que algumas crenças obrigam? Não me parece. Simplesmente, aqui o caso é menos grave, mais generalista tendo em conta a nossa sociedade e, precisamente por isso, mais passível de ofender ou indignar. Por outro lado, ver a nossa fé questionada por alguém acaba (penso eu) por ser também um exercício de fé para nós: alguém está contra o que eu acredito, vou pensar no assunto e ver se continuo a acreditar ou se mudo.
      Neste caso, refiro-me apenas à religião católica, pelo motivo de ser do panorama geral/nacional e se relacionar com a data que passou. Não sou católico, tampouco religioso, mas vivi metade da minha vida num ambiente católico e fui educado como tal e, se bem me recordo, o “amar ao próximo” sempre teve muito mais enfase do que fazer caminhadas ou acender velas. Não levo a mal aquilo que as pessoas fazem, mas faz-me confusão ver aquilo que não fazem, ao mesmo tempo que se afirmam directa ou indirectamente como muito seguidoras da religião.
      O meu “problema” não é, de todo, a peregrinação. A energia, a mística e a satisfação que se deve sentir deve ser fantástica e, religião à parte, quem sabe um dia não a faça, precisamente por isso. Mas uma coisa é uma coisa… outra coisa é outra coisa (frase sábia!); se o objectivo é fazer algo em prol da religião, acho que haverá melhores alternativas.

      Não levo a mal a discussão. Já sabia que o post ia dar para isto e adoro quando alguém vem aqui mandar um bitaite contrário do meu. Quanto muito, fico chateado por isto ser um comentário bem redigido e não um hate-comment… todos sabemos que só se é um verdadeiro blogger quando se tem haters, por isso, para a próxima, mais insultos s.f.f.

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  4. É controverso aquilo que escreveste... Calçando o sapato do outro, percebo que cada um tem direito às suas prioridades e que aquilo que é útil para uns não o é para outros. Calçando os meus sapatos, percebo que concordo contigo, eu investiria, como invisto, o meu tempo de outra forma.

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    1. Pois, tenho noção disso.
      Se calhar o problema é mesmo esse: a maioria das pessoas que caminha até Fátima, se calhar, não calça os sapatos dos outros e não vê o que faz falta...

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  5. praticamente todas as pessoas que conheço que vão a pé a Fátima fazem voluntariado em instituições. não impede que tirem 5 dias do ano para ir até Fátima. quem já foi sabe porquê.

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    1. Obviamente cada caso é um caso. Praticamente todas as pessoas que vão a pé a Fátima não fazem nada pela comunidade nunca na vida. Acredito na intensidade da peregrinação até Fátima e entendo o porquê das pessoas o fazerem, isso não invalida achar que haveria maneiras melhores de usar o tempo religiosamente.

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Aceitam-se pires de amendoins.