sexta-feira, 21 de março de 2014

Os melhores pais do mundo andam por aí

Leio blogs como quem lê o jornal, ou seja, só fico a saber das coisas actuais de cada autor no dia seguinte. Isto para justificar o porquê de falar hoje, e não ontem, do dia-do-pai.

Chega o famoso dia e os blogs enchem-se de descrições que demonstram, sem margem para dúvida, que o progenitor do respectivo autor é, sem margem para dúvida, o melhor a executar o seu papel, desde os tempos de criança à idade adulta, com todo o tipo de acções que, sem margem para dúvida, deixam todo o tipo de marcas positivas.
Em primeiro lugar, o dia-do-pai, como qualquer outro tipo de "dia-do(a)(e)" do género, pouco me diz. Simplesmente, faz-me espécie a sentimentaloidice que toda a gente se lembra de ter uma vez por ano. No meu caso, os picos de feelings vão aparecendo várias vezes por ano, mês, semana, dia, por todos os motivos, ou por motivo nenhum. Tenho o orgulho, a felicidade e a sorte que quase toda a gente tem. Encontro e dou o valor que, certamente, quase toda a gente acha que dá.
A minha grande questão aqui, para os autores de belos textos de exposição de amor pai-filho, é: mas o vosso pai por acaso lê o vosso blog? É vosso amigo no Facebook? Sabe, sequer, navegar na internet?
Receio que, na grande maioria dos casos, a resposta seja negativa.

Talvez eu não diga ao meu pai aquilo que sinto por ele. Talvez nunca o venha a dizer. Ele também não tem por hábito dizer-me o que vai da parte dele. Mas não precisa. Não preciso que mo diga. E apenas espero que ele também ache que eu não preciso de dizer nada. 
Quanto muito, ele que visite bladjio bladjio bladjio bladjio ponto amendoinsecocacola ponto blogspot ponto com e deixe um comentário.

17 comentários:

  1. O meu pai não lê o meu blog, mas tem facebook e viu lá exactamente a mesma coisa que postei no blog. Por isso, sim, o meu pai navega na internet (aliás, com a distância que nos separa, a internet tem sido uma maravilha dos deuses) :p

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    1. Isso é óptimo. E quando os verdadeiros destinatários das mensagens têm acesso a elas, a coisa é bonita. Demonstrações públicas de orgulho e afecto pelos nossos pais são sempre boas de se ver (eu também as faço). Mas, infelizmente/parvamente, a maioria desses destinatários nunca chega a ler o que se lhes é escrito.

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    2. Mais parvo ainda (na minha opinião) é os destinatários nunca chegarem a ler, nem os remetentes o dizerem.

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  2. Quando comecei a ler "declarações de amor pelo pai" no facebook também pensei a mesma coisa. Será que o pai vai ver? Será que vão dizer isto ao pai, cara a cara, telefone, ou lá como for? é tudo muito bonito, mas acredito que a maior parte das pessoas que tenho no facebook não disse nada ao pai além de um simples "Feliz dia do Pai".

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    1. Exactamente. O conforto da "anonimidade" que a virtualidade nos dá e que permite que digamos muitas coisas que na vida real não diríamos está a chegar mesmo ao contacto entre familiares... enfim...

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  3. Well... eu nessas coisas sou muito relaxada: é melhor declarar amor do que ódio! Por isso mensagens loucas e vibrantes sobre "Dias de...", "Homenagens...", "Centenários de ...", "Seja o que for de..." até podem ser esclarecedoras e suportáveis. Pelo menos é lamechismo e não outro ismo qqr =). Mas sim confesso que me interroguei sobre as mesmas coisas que tu...

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    1. Sim... a ser, que seja o menor dos males. Mas quer dizer... fica sempre aquela questão da quantidade de parvoíce da pessoa que escreve.

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    2. a quantidade de parvoíce é ilimitada... =) para todos nós... parvoíce para uns, algo muito sério para outros... algo real para uns, ficção para outros... para isso já seria preciso discutir conceitos, interpretações e coisas...

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    3. Tens razão. Já era demasiado pano para as mangas deste post.

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    4. e era uma valentíssima seca discutir a fundo teórico e prático da parvoíce alheia =) desejo uma excelente segunda-feira com parvoíce ilimitada (técnicas de sobrevivência)

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    5. Não me parece que falte parvoíce na minha vida, especialmente a uma segunda-feira. Obrigado e igualmente!

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  4. Concordo...a maioria das pessoas parece só querer ter algo para escrever no facebook e blog...mas depois nem deve dizer aos seus pais aquilo que sente. O que faz disto uma competição de "o meu é melhor que o teu" e pouco mais. Mas fazem o mesmo com os filhos...gatos e namorados portanto...

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    1. É a versão adulta de "o meu pai é polícia!" "ah, e o meu é bombeiro!".

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  5. Acho que o que se escreve num blog não tem necessariamente de ser para a pessoa de quem se fala ler. Aliás, se estivermos a pensar nisso provavelmente nem conseguimos escrever da mesma forma. Sobre os dias e os afectos, gosto que ambos existam (o que não invalida achar ridículas, algumas situações). De qualquer forma tornou-se ainda mais entediante assistir aos anti/revoltados com estas datas do que propriamente às fotografias e textos óbvios.

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    1. Uma coisa é uma pessoa escrever sobre alguém, outra é o autor escrever como se fosse PARA alguém, quando essa pessoa não irá ler. Não são todos os casos, mas são, pelo menos, alguns (believe me, I know it!).
      Hmmm entendo a tua perspectiva mas, ao menos, os revoltados estão a fazer algo para ser lido pelos reais alvos. Apesar da irritação provocada, ao menos não escrevem em vão.

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  6. Eu não tenho nada contra os "dia de", acho que todos têm um simbolismo aceitável, a questão é que nem todas as pessoas compreendem que é só um dia simbólico e não o dia em que devem aproveitar para meter todo o amor/admiração por alguém em dia. Isso já acho parvo.

    Mas falando mais concretamente sobre o dia do Pai, este ano por acaso achei que houve uma profusão de textos completamente desmedida. Chegou a um ponto em que até proferi "mas quando é que são vão calar com isto?", já estava fartinha, fartinha. Nunca tinha visto tal.

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    1. Concordo. Uma coisa é assinalar algo em especial, outra é tornar o dia no pico de afecto que se dá aos destinatários do mesmo. E sim, também achei que este ano o pessoal abusou um bocado na publicação de textos ramelosos que nunca chegarão aos olhos dos pais.

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Aceitam-se pires de amendoins.