segunda-feira, 24 de março de 2014

Do alto dos cinco anos

O Sol aquecia a tarde, pelo que, pela mão de sua mãe, saiu para a rua. Ela ia trabalhar, ele ia com ela, a pé, sabe-se lá para que local que ficou perdido no tempo. Talvez a acompanhasse no trabalho, coisa não rara na época. Talvez ela o fosse levar para a escola.
Inspirado pelo típico almoço diário em casa dos pais de sua mãe, ou apenas invadido por um daqueles pensamentos aleatórios que só uma criança de não mais de seis anos, carregada de horas de televisão, consegue ter, debaixo do velho e permanente carvalho, olha para cima e diz:
"Sabes uma coisa? Gosto muito da nossa família."
A mãe sorriu e, se houve alguma conversa depois disso, ficou no mesmo local que o destino do rapaz, naquela tarde.

Mal ele sabia que uns vinte anos mais tarde, com tudo o que tanta passagem de tempo implica, o seu pensamento seria exactamente o mesmo.

8 comentários:

  1. Saudades desses tempos...senti o texto como se o tivesse escrito =)

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  2. Quando se sente dessa forma , é meio caminho andado para que tudo corra bem. É o tal balão de oxigénio que dá força para tudo.

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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    1. Sem dúvida. No meio de tanta mudança, há coisas que não mudam. E o que é o pensamento inocente de uma criança que, possivelmente, até disse o que disse porque ouviu algo parecido nos desenhos animados, transforma-se na afirmação consciente de um adulto.

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  3. Debaixo dessa capa de pessoa racional, és um fofinho!!! :)

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    1. Eu sou a versão primata de um Golden Retriever bebé!

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Aceitam-se pires de amendoins.