quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Dura praxis, asini populus

Com a morte dos jovens na praia do Meco, vem novamente à baila o tema "praxe". São pais a falarem em crime, é uma universidade a abrir inquéritos, é a comunicação social a insistir na influência da praxe na tragédia. Apesar de os factos ainda não estarem devidamente apurados, os programas da manhã já têm pessoas com "Dr." no nome a falar sobre as pressões sociais que a praxe implica.

O argumento de que "ninguém é obrigado a participar na praxe" resulta em quase nada, uma vez que é contraposto com o facto de o meio fazer com que, apesar de não obrigada, uma pessoa seja levada a fazer certas coisas no âmbito da "integração académica". Daí ao crime, é um passo pequeno.
Nessa perspectiva, proponho que se abram inquéritos-crime relativamente a anúncios que incitam as mulheres a emagrecer de forma doentia, que se caia em cima das empresas de fast-food que levam a que as pessoas se encham de inimigos da saúde cardiovascular, que se processem os filmes por fazerem com que fumar pareça algo muito fixe...

Ou então, se calhar... só se calhar... a incriminar (mesmo não-oficialmente), que se incrimine uma sociedade que não deixa criar pessoas que pensem pela sua própria cabeça, e que o pessoal deixe de ser burro.
Se calhar...

10 comentários:

  1. Devia ser como nos EUA, assim podiamos processar toda gente, entidades e coisas por pura diversão... A desresponsabilização dos próprios actos é fantástica e sim só contribui para uma vida cheia de inconsciência... (mas será possível viver sem uma certa dose de inconsciência?)

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    1. Nos E.U.A. é que é um espectáculo. Há gente a viver só das indemnizações que recebe por se atirar para a frente de carros e ser atropelada.
      E sim, desresponsabilizar dá sempre uma sensação de segurança. Eventualmente a culpa há-de ser do governo.
      E claro que é impossível viver sem uma certa dose de inconsciência. É preciso é que as pessoas tenham noção disso e que inconsciência não implica desresponsabilização.

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    2. O "não saber" ou o "não ter noção" são desculpas muito utilizadas =) mas dou-te toda a razão... Mas também são estas coisas que tornam o mundo "divertido". Se não fossem os bons velhos States, existia menos tema de conversa sobre as coisas mais surreais...

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    3. Pois... as pessoas são sempre crianças quando dá jeito.
      E em relação aos americanos, bem... já que é algo inevitável no mundo, ao menos que uma pessoa se divirta com o seu surrealismo.

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  2. Acho que cada caso é um caso. Não se podem julgar todos da mesma maneira. Agora, acho que seria de muito bom tom o sobrevivente explicar o que correu mal naquela aparente "brincadeira" que deu para o torto.

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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    1. Sem dúvida. Há muita história para contar. O meu post surgiu porque as televisões e jornais já fazem questão de contar mais história do que a que se sabe.

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  3. Vou decidir o que acho deste post e depois volto para comentar em condições.

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    1. Nunca recebi um comentário a dizer que ia receber um comentário. Obrigado! Fico ansiosamente à espera.

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  4. Percebo-te, na praxe, tal como noutras coisas, existe coisas boas e más. E se não querem fazer certas actividades não podem ser obrigados a fazer. Infelizmente cada vez mais há pessoas seguidoras, que não conseguem pensar pela cabeça...
    Como tu disseste e bem: deixem de ser burros!

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    1. Ora nem mais. Não são as praxes que humilham, são as pessoas que se humilham a elas próprias se integrarem as praxes com mentalidade de rebanho.

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Aceitam-se pires de amendoins.