quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Em câmara lenta, como na TV

Ao descer a rua, passam por mim duas mulheres, na direcção oposta. Duas mulheres aparentemente normais, sem beleza de Hollywood ou verruga num nariz aquilino; no entanto, uma delas chamou-me a atenção. Uma observação mais profunda revelou-me que aquela que fazia o click até era a menos bonita das duas. O que ela tinha de diferente? O slow motion. Os seus passos, gestos e movimentos de cabeça eram feitos de forma mais lenta do que os da sua colega.

Se formos a ver bem, no cinema, o estilo e o charme cativantes estão quase sempre associados a uma cena de câmara lenta. Reparando bem (eu, que sou uma pessoa que gosta de analisar pessoas), de facto os transeuntes anónimos que emanam uma aura de charme são, em muitos casos, aqueles que caminham mais lentamente e se mexem mais devagar. Não um arrastar de movimentos, antes uma ligeira lentidão que não deixe de ter a assertividade de um passo acelerado.

A questão que surge é: o slowmo é realmente atraente, ou achá-mo-lo assim por o cinema nos ter ensinado dessa forma?

Talvez a lentidão de um permita que os outros à sua volta possam apreciar a pessoa de uma melhor forma... Talvez aquela destacável melancolia no meio do normal-apressado nos transmita uma ideia institivamente romântica...

4 comentários:

  1. Ok, eu ando quase sempre acelerada - ando sempre em cima da hora -, acabo de me sentir a pessoa menos charmosa e elegante da rua/avenida/mundo.

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    1. Passa a andar mais devagar e é vê-los a caírem aos teus pés!

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  2. Adorei a reflexão. É precisamente o tipo de reflexão que loucos como eu fazem.

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Aceitam-se pires de amendoins.