segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Darwin Jelly Bean

Não é a primeira vez que me deparo com artigos referindo que o facto de o ser humano depender tanto dos smartphones e aplicações de calendários e lembretes está a fazer com que o nosso cérebro deixe de ser tão exercitado como era antigamente, em que se sabia de cor uma dezena de números de telefone, os aniversários de toda a gente e as horas de todos os eventos da agenda.
Confesso-me um utilizador recorrente de aplicações que me lembrem das coisas. A alternativa era andar cheio de papéis amarelos e cruzes nas mãos. As aplicações não me retiram utilização ao cérebro porque esta, no contexto, nunca existiu.
Mas há quem não tenha estes problemas de memória de agenda e, mesmo assim, use os auxiliares digitais.

E se... os artigos estiverem errados quando referem que estamos a regredir, por culpa das tecnologias?
E se, o que está de facto a acontecer, é que estamos a deixar com que outras coisas se preocupem com as horas por nós, enquanto ocupamos a cabeça com coisas mais importantes? Talvez a redução do stress que a agenda de memória normalmente nos impinge nos dê espaço e tempo para pensar noutras coisas. E, a nível evolutivo, há muito que sou da opinião que o que falta ao ser humano é pensar... sobre tudo, sobre nada, sobre si.
E se... aquilo que temos nos bolsos seja um passo em direcção ao futuro, não só tecnológico, mas como ser?

4 comentários:

  1. Embora não dependente de aplicações, sou dependente de velhos hábitos, como uma agenda escrita à mão. E se me vejo sem os alibis vejo-me grega. Tenho consciência da falta de exercício, sobretudo no que diz respeito à memória de pequenos factos e dados, a que sujeito o meu cérebro e talvez por essa consciência de quando em vez percorre-me já a ideia de que as doenças neurodegenerativas podem pegar moda na nossa geração. Quando questionas se o que estamos a permitir não é delegar às tecnologias coisas "menos importantes", é certo que esta geração tende a exercitar frequentemente um pensamento mais complexo, mas, curiosamente, o que garante mais a sobrevivência do teu cérebro é o exercício das coisas mais básicas e aparentemente menos importantes, que permitem no fundo a tão importante localização no tempo e no espaço. Falta ao ser humano pensar, mas o pensar simples e matemático do dia-a-dia é tão ou mais importante (individualmente falando) do que o filosófico que se ocupa com grande questões. Já se diz que o importante é comer um pouco de tudo. Pois é, o cérebro também precisa de um pouco de tudo!

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    1. Adoro comentários grandes! :D
      O teu, deixa-me confrontado com duas das minhas vertentes, as quais entram muitas vezes em conflito: o "acreditar em" e o "gostar de acreditar em". De facto, equilíbrio é o mais importante EM TUDO, e se calhar ainda mais importante no que toca ao que é ser gente e usar o cérebro. No entanto, gosto de acreditar que a humanidade tem/deve/vai caminhar no sentido de uma maior espiritualidade que, se bem reparo, está no prato mais leve da balança, actualmente. Se calhar acaba por ser uma fase de exagero de um lado para se atingir o equilíbrio final mais à frente.

      Ou isso ou sou eu a arranjar desculpas para nunca mais passar o raio daquele nível do sudoku!

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    2. Não são assim tão frequentes e eu própria fiquei surpreendida quando me apercebi da extensão do mesmo, mas o post tocava num assunto que me vai dizendo respeito, ou então tocou no lado do meu cérebro mais propenso à reflexão :P De resto confesso que quando lançaste agora a tua teoria da "espiritualidade" achei que estavas profundamente espirituoso :D Até gostava que sim, mas acho que não.

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    3. Sou geneticista. Mal de mim se não acreditava na evolução biológica do ser humano e nas consequências que todos os nossos actos como espécie têm nela... Ao mesmo tempo, acho que, como pessoas, temos que ser algo mais e esse algo mais anda um pouco em falta. Nem que esse algo mais seja apenas um desenvolvimento de uma consciência que nos permita evoluir como espécie, numa altura em que parece que estamos a caminho da extinção (nossa e de outras).

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Aceitam-se pires de amendoins.