Como tantos outros, ela veste uma bata de cujo bolso pende um estetoscópio. No entanto, o que eu vejo é uma camisa de dormir quase até ao joelho. Não que o modelo da bata seja diferente do de tantos outros, mas esta deve-lhe ficar talvez dois números acima do aceitável.
Não tem mais de um metro e sessenta e cinco, é magra e tem uma forma estranha de andar. Os ombros caídos, os pés meio arrastados pelo chão, meio atirados para a frente, como se a vontade de caminhar fosse pouca e as forças para tal ainda menores; curiosamente, o passo é rápido. Os braços pendem sem vida e as mãos ficam quase escondidas por umas mangas brancas demasiado grandes.
Mas o pior é o que está do pescoço para cima. Aquele cabelo fino e escorrido dá a entender que apanhou uma chuvada ao sair de casa e ainda não secou bem... mesmo em dias em que não cai uma pinga de água do céu. Aquele ar pálido e macilento. Aquela expressão facial que não transparece nada. E aquele olhar... aquele olhar que é um misto de loucura e possessão demoníaca. Fixa-se em nós sem dizer o que está por trás dele. De quando em vez, lá aparece um esboço de um sorriso, que em nada ajuda para amenizar o ambiente.
Não me admirarei no dia em que a sua cabeça rodar trezentos e sessenta graus.
Tens de ter cuidado é com o vómito. Isso sim, dá medo! Ou se um padre entrar no consultório ao mesmo tempo que tu...
ResponderEliminarEu afasto-me sempre que a vejo, por via das dúvidas.
EliminarE eu não entro em consultórios. Fico-me nos bastidores, mais perto das saídas de emergência, caso haja necessidade de fugir de um demónio qualquer.