domingo, 14 de outubro de 2012

Fria

Já não és a mesma.
Costumavas ser o meu porto de abrigo, abraçar-me nos momentos em que eu mais precisava. Costumavas ter aquele aconchego. Era pela tua companhia que eu ansiava depois de um dia longe de ti. Era em ti que eu pensava. Podia passar uma semana... duas... sem te ver, mas, pensava eu, a nossa relação não era afectada por isso. Quando, finalmente, me encontrava contigo, abria os braços e ficávamos os dois horas e horas simplesmente a sermos os dois. Contigo, não havia mais nada. Todo o resto do mundo deixava de existir.
Achei que sempre seria assim. Durante anos foi assim... porque haveria de mudar? 
Talvez tenha sido o facto de, no fundo, a nossa relação ser sempre a mesma coisa. Talvez tenha sido o facto de, sem nos darmos conta, termos caído na monotonia. Talvez tenha sido muita coisa... mas a verdade é que te tornaste distante. Já não ia ter contigo com a mesma vontade. Depois de estar contigo já não sentia aquele bem estar que sentia antes. Tornaste-te fria.

E surgiu outra. Outra que me agarrou com mais força do que tu. Outra que me deu mais do que o que me davas nos últimos tempos. Outra que me dava mais calor, outra que estava todos os dias comigo, nos bons e nos maus momentos. 
Tu ficaste igual enquanto ela passou a servir de apoio em todas as alturas. Durante o dia, com o trabalho ou com o lazer. E durante a noite, com o descanso ou com o prazer...


Já não és a minha cama favorita! Tenho outro ninho agora.

8 comentários:

  1. Tão cliché, meu velho... Feliz ou Infelizmente sei do que falas, mas na versão real, com mulheres.

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    1. Pode ser cliché, mas a realidade é que eu nunca pensei que a minha cama em casa dos meus pais algum dia deixasse de ser o meu ninho. Já corri muitas camas e sentia-as a todas como a cama em que tinha que dormir, e não a cama em que dormia por gosto. Até surgir esta...

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  2. Aposto que a trocaste por uma sueca... Bah! Malditas suecas!!!

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    1. Confesso! É sueca!
      Mas a culpa não é da cama em si. Não é do conforto ou do espaço... é de simplesmente me sentir no ninho, como dificilmente me sentia nas minhas anteriores camas.

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  3. Enquanto lia o texto e acreditava que te referias a uma pessoa comecei a ficar irrequieto porque a monotonia de que falas e a mudança comportamentos como os descritos é algo que me dá dores de cabeça quando a minha consciência vem falar comigo.
    Mas era só uma cama. Ainda bem que gostas da tua cama! A minha cama é mais pequena do eu há já alguns anos mas não me incomoda.

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    1. Compreendo o que dizes. Felizmente, tenho a sorte ou a arte de não me relacionar com quem faça mudanças como as que descrevo. Nem eu sou dado a isso, tanto quanto sei...

      E sim, gosto muito da minha cama. É minha amiga. A única coisa em que não me dá apoio é quando tenho que ir trabalhar de manhã.

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  4. "todos os dias comigo" e não comido!:) lá em cima.

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Aceitam-se pires de amendoins.