segunda-feira, 30 de abril de 2018

Géneros

Estamos em 2018 e acho inadmissível que não haja ainda um nome para definir o género com o qual me identifico.

Eu sou um gajo bom, no corpo de um gajo medíocre.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Vinte-e-cinco de Abril sempre

Percorro a Avenida da Liberdade, em Lisboa, e apercebo-me de que a Liberdade é um conceito mutável.

Há quarenta-e-quatro anos, Liberdade era poder falar.
Há 20 anos, Liberdade seria, possivelmente, poder fazer.
Em dois-mil-e-dezoito, Liberdade é poder ser.

Quantos anos mais precisaremos até que o 25 de Abril seja só mais um dia?

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Patrão na loja

Numa situação normal, uma pessoa está a passear pelas rede sociais e, ao se aperceber da aproximação do chefe, abre rapidamente uma folha de excel ou um pdf que faça parecer que esteve o tempo todo a trabalhar.

No meu caso, eu abro OUTRA folha de excel, para esconder aquela em que estou focado actualmente, só porque não quero que o chefe me faça questões sobre aquela parte do trabalho.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Metáforas sobre visão

"Imaginem um olho desligado das leis de perspectiva feitas pelo Homem, um olho sem o preconceito da lógica composicional, um olho que não responde ao nome de tudo mas que tem de conhecer todo o objecto da vida numa aventura de percepção. Quantas cores existem num campo de erva para um bebé inconsciente do "Verde"? Quantos arco-íris pode a luz criar para um olho não-ensinado? Quão ciente das variações das ondas de calor pode esse olho ser? Imaginem um mundo vivo com objectos incompreensíveis e brilhante com uma multitude infinita de movimento e inumeráveis gradações de cor. Imaginem um mundo antes do "no início era o verbo.""

Tradução livre de um excerto do manifesto "Methaphors on vision", de James Stanley Brakhage.




segunda-feira, 9 de abril de 2018

No meu tempo, era Lloret de Mar

Assim como as praxes estão para Setembro/Outubro, as viagens de finalistas dos alunos de ensino secundário estão para a época da Páscoa. 
Não são apenas os relatos mais ou menos jornalísticos sobre os eventos, mas também (e especialmente) os ensaios escritos de uns quantos adultos iluminados a criticar a juventude, preocupados com o que é que os adolescentes andam a fazer em Espanha, com o dinheiro dos pais e, pior, no que é que eles se vão tornar. Ensaios sobre o declínio da sociedade, a falta de valores e de respeito, a falta de aproveitamento de cultura, de natureza, de momentos de qualidade, de criação de ligações humanas para a vida...

Minhas senhoras, meus senhores... Acalmem lá os vossos corações, está bem? As viagens de finalistas desde género acontecem há, talvez, umas boas duas décadas, ou quase. Se vamos temer pelo futuro da Humanidade por causa de uma semana em que se vomita mais do que o que se ingere, então algo está muito errado. Não está nada errado com quem vomita. Está tudo errado com quem consegue prever a queda da sociedade com base nisto!

Tenho quase trinta anos e também eu fui um finalista com viagem em Espanha, paga pelos papás. Gastei o dinheiro em muita bebida e pouca comida. E nem precisei de dinheiro para saltar de varanda em varanda. Hoje em dia, sou um adulto funcional com a consciência de que ando a fazer alguma coisa para contribuir positivamente para a sociedade e para o planeta.
Sabem quem também andou a estourar dinheiro em álcool e a saltar varandas comigo? Engenheiros que, actualmente, encabeçam empresas internacionais. Médicos. Enfermeiros. Educadores de infância. Professores. Pais. Mães. Filhos cuidadores. Empreendedores. Casais que, surpreenda-se, até começaram a sua relação na viagem de finalistas.
E a lista podia continuar...

Por isso, minha gente, acalmem lá os vossos corações, está bem? O fim até pode estar próximo, mas não é por causa daquele último shot de tequila.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Sobre os elogios

"Tens uma pele fantástica!" - diz ela. - "Eu, para ter esse brilho, tinha que usar um highlighter."

Chama-se "pele muito oleosa", cara amiga. Espera até chegar o Verão.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Lixa-se!

O meu problema não é os lisboetas não dizerem palavrões.

É dizerem "Estamos lixados, com F grande."