Em concelhos pequenos, as eleições são um pouco como o festival da Eurovisão.
Metade das pessoas conhece outra metade. Cada freguesia tem os seus candidatos favoritos e a cor partidária vencedora de cada uma influencia em grande parte a cor ganhadora da câmara municipal, numa espécie de voto de país vizinho.
Durante o dia, paira uma excitação invisível no ar, e há uma antecipação e um desejo quase palpável de que desta vez seja o "nosso" candidato a ganhar, porque o último vencedor afinal não sabia cantar tão bem quanto parecia.
Ao final da tarde, começam as mensagens e telefonemas. Metade das pessoas conhece outra metade e facilmente se começam a perceber como andam as coisas nas diferentes cidades e vilas e aldeias.
Partido X, twelve points.
Partido Y, ten points.
Por vezes há surpresas. Aquela freguesia sempre votou naquele país vizinho, mas este ano resolveu atribuir os seus doze pontos ao vizinho do lado oposto. Na realidade, cantam os dois a mesma letra, mas em línguas diferentes... as quais ninguém percebe.
Se calhar não é o "nosso" candidato que vai ganhar. Ou, se calhar, até ganha mas lá mais para a frente manda uma piada sobre peidos na assembleia municipal, ou nas redes sociais.
No fundo, dois eventos muito parecidos, com a diferença que um move muito a população portuguesa e outro determina os órgãos do poder local.
*ta ta tatara tataaaaa taraaa tatara tararaaaa tataaaaaa*
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Aceitam-se pires de amendoins.