quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Conscientemente

"Libet fez uma experiência em que pediu às pessoas que flectissem o punho, o que lhe permitiu medir três coisas: o momento em que as pessoas decidiram conscientemente flectir o pulso, o momento em que a actividade cerebral foi iniciada e o momento em que o pulso de facto foi flectido. A experiência produziu resultados chocantes. Libet descobriu que a primeira coisa a acontecer foi o início da actividade cerebral. Um terço de segundo depois a decisão consciente foi tomada e duzentos milissegundos mais tarde o pulso foi flectido."
"A actividade cerebral ocorreu antes da decisão consciente?", admirou-se Maria Flor. "Antes? Quer dizer que a decisão consciente não iniciou a acção?"
"Foi o que a experiência de Libet demonstrou", confirmou o doutor Colaço. "As consequências dessa descoberta são, como pode calcular, profundas. Parece que o cérebro toma primeiro uma decisão e só depois informa a consciência dessa decisão, tendo contudo o cuidado de a convencer de que foi ela que decidiu. Ou seja, as decisões conscientes parecem-nos conscientes, mas não o são. A consciência não passa de uma ilusão, não no sentido de que não existe, mas no sentido de que é algo diferente do que pensamos.""

Excerto do livro "A Chave de Salomão" de José Rodrigues dos Santos.

Numa perspectiva científica de quem está só a ler o excerto, sem bases nenhumas nem confirmação do background, acho que o começo da actividade cerebral antes da decisão consciente pode não significar uma decisão inconsciente, mas apenas um arranque do cérebro para processar o que tem que fazer; um meter a primeira antes de arrancar com o carro.

Noutra perspectiva, cada vez mais vejo, acredito e me forço a afirmar que tudo o que fazemos é fruto de instintos (ou do inconsciente que, para o caso, vai dar ao mesmo). Não somos mais do que bichos com a mania que sabem o que fazem... quando não sabem coisa nenhuma.
Por outro lado... fico a pensar que, por vezes, a vida é o meu inconsciente, e eu sou um consciente que acha que toma as decisões que ela já fez acontecer.

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